gostaria de preambular esse texto com uma simples colocação sobre as pessoas do signo de câncer: nós recebemos uma reputação injusta.
no imaginário popular, somos chorões, manipuladores, sensíveis demais, nos apaixonamos fácil, somos iludides, carentes e tudo mais de pejorativo que conseguem colar na amálgama da vulnerabilidade.
porém, quem é do signo de câncer sabe que isso não é bem verdade. cancerianes até podem vez ou outra expressar todas essas coisas, como qualquer ser humano, mas o motivo pelo qual a gente sente tudo tão intensamente (e o motivo pelo qual também estamos sempre de plantão acolhendo os outros) é porque é muito difícil a gente se abrir com o outro.
somos representados simbolicamente por um caranguejo. uma infraordem dos crustáceos chamada de brachyura ou braquiúros, composta por caranguejos e siris, e que são de uma infraordem diferente da composta por caranguejos ermitões, lagostas e camarões. existem mais de 7000 espécies de braquiúros incluídas em 98 famílias, que vivem em todos os oceanos do planeta em diversas profundidades, mas também em ambientes de água doce e terrestres. e, é claro, a característica mais reconhecida de qualquer caranguejo é a carapaça achatada que protege a cabeça deles, um exoesqueleto bem resistente que protege um corpo frágil.
mas vocês sabiam que os caranguejos são uma das espécies mais antigas do mundo?
eles tem cerca de 180 milhões de anos de existência – ou seja, estão aqui desde o período jurássico – e a origem deles está diretamente ligada à formação dos oceanos.
eles resistem há tanto tempo porque o exoesqueleto se tornou um aspecto providencial na evolução deles – algumas espécies até tentaram evoluir sem exoesqueleto e logo voltaram a desenvolvê-los. já tava garantido, né?
essa carapaça dos caranguejos é o que garante adaptabilidade e resiliência. por isso que você pode escutar muita gente falando que cancerianos são como caranguejos, parecem duros por fora para esconder o coração mole que tá ali dentro.
inclusive, o cérebro dos caranguejos é capaz de armazenar memórias bem complexas – até mesmo da dor que sentem. o passado é uma fonte de experiência, tanto pros caranguejos animais quanto pros astrológicos. a gente carrega o passado porque aprende com ele, não necessariamente porque vivemos imersos nele.
além da morfologia, os caranguejos também desenvolvem outras estratégias de proteção. isso mesmo, eles são analíticos. eles conseguem identificar os movimentos da maré e agem de acordo com seu ritmo.
acho engraçada essa ideia que algumas pessoas têm de que caranguejo anda pra trás – e, portanto, cancerianos também vivem presos no passado, oh céus. na verdade, caranguejos se movimentam de diferentes formas. as articulações deles tornam mais cômodo andar e nadar de lado, mas eles também podem se movimentar para frente e para trás. depende do que é melhor para ele em cada situação. como oceânides que ficam atentas às mudanças da maré para planejar seu próximo passo.
no fim das contas, não é isso que precisamos fazer às vezes?
forte é caranguejo, vem me amar (ligeiro) ♫
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atlantics, dirigido por mati diop – curta que inspirou o longa atlantique;
dois curtas muito bons de rachel lang (sou parcial ao white turnips make it hard to sleep), parte de uma trilogia que termina com o longa baden baden;
aftersun, de charlotte wells, um dos meus filmes favoritos do ano passado, bem como o curta tuesday, da mesma diretora;
o curta de animação los huesos, dos diretores cristóbal león e joaquín cociña;
lingui, dirigido por mahamat-saleh haroun;
nest, dirigido por hlynur palmason;
iré a santiago, dirigido por sara gómez;
newborns, dirigido por megha ramaswamy.