vivemos em constantes atividades subterrâneas.
no planeta e em nós mesmos, o que está abaixo da superfície está em constante movimento. longe do olho humano, sob a epiderme ou sob a crosta terrestre, tudo está envolto por um manto denso e pesado.
sempre gostei da noção de corpo como território, dos espelhamentos que vemos entre nossas veias e as varizes da terra, de nós enquanto extensão desse organismo vivo que chamamos de planeta.
outro dia li que o movimento das placas tectônicas são como os sinais de saúde da terra – um pouco como os nossos batimentos cardíacos ou a nossa respiração. são os movimentos dessas placas, além de outros fatores endógenos e exógenos, que constroem relevos, rochas, sumidouros, cânions, continentes inteiros.
é como se os movimentos dessas placas tectônicas fossem arquitetos da terra como a conhecemos. e fiquei pensado na nossa própria existência comparada a essa arquitetura morfológica, como a nossa gênese vem de uma pangeia humana, a placenta que nos forma e nos nutre até que estejamos prontos para existir sem ela, em outro continente.
e como tudo na terra e no corpo é pautado pelas mudanças, ri quando pensei que cartografar a terra e a nós mesmos é um trabalho interminável, porque estamos sempre nos movimentando, mudando de forma, alterando a aparência interna e externa.
lembro que, quando eu era pequena e ainda estava tentando entender como lidar com o mar de sentimentos que carrego dentro, tinha alguns rompantes de raiva e chegava a grunhir em frustração como um animal. penso agora que era como um terremoto: o resultado de uma liberação súbita de energia na crosta do planeta-eu, criando ondas sísmicas, quebrando estruturas edificadas e formando tsunamis enormes.
isso me levou a pensar que tudo aquilo que levamos dentro também nos movimenta, nos molda e muda o nosso exterior e o que chega nele. muda nossas expressões, altera nossa voz, provoca nosso riso, libera nosso choro.
talvez as experiências que vivemos moldem nossos sentimentos.
mas talvez os sentimentos sejam os nossos arquitetos.
afinal, o que faz com que nós entremos em erupção?
eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho… obrigada por tudo, rita 🖤
esses últimos dias entramos em imersão de montagem do documentário menarca – eu e nin la croix, nosso montador, e estamos com muito empenho e afeto construindo o corte final do filme. mal posso esperar que vocês e, principalmente, todes que fizeram parte da produção do projeto assistam!
não sei se já compartilhei aqui, mas há algum tempo vi esse simulador apocalíptico em que você pode ver qual seria o impacto de um asteróide na terra. você escolhe o tipo de asteróide, o tamanho, a velocidade de impacto e o ângulo – e aí descobre quais seriam as consequências na terra. assustador, mas fascinante.
comecei a escutar o podcast brasil para maiores, que é uma reportagem em áudio do uol tab sobre a indústria pornográfica brasileira na era dos anos 2000. tem linha cronológica, entrevistas e curiosidades bem interessantes, desmistificando o trabalho na indústria e abordando diversas questões socioculturais que circundam o pornô e seus trabalhadores num país bem moralista e hipócrita, com foco nas pessoas que fizeram a indústria acontecer.
descobri um projeto bem interessante que existe nos formatos de podcast e site, o 99% invisible. nele, o host roman mars apresenta em detalhes aspectos de arquitetura e design que não costumamos reparar, mas que moldam nosso mundo. o episódio sobre props e design gráfico em cinema e televisão é muito bom.
falando em cinema, fiquei obcecada com as histórias sobre a construção de cenários pro filme da barbie e como certo tom de tinta rosa até entrou em falta no mundo todo por conta dele. não confio em nada que seja hypado demais porque sempre me frustro, mas certamente não deixarei de ver o filme – e apreciarei o trabalho da direção de arte, que ficou impecável.