talvez eu seja uma acumuladora.
me deparei com essa possibilidade recentemente, quando fiz uma lista de coisas virtuais que eu queria organizar porque não sabia mais onde havia guardado referências que queria recuperar – estavam nas notas do celular? nos rascunhos do e-mail? nos salvos do pinterest ou do instagram ou do twitter? nas capturas de tela do celular? nas mensagens que mando para mim mesma no whatsapp? nas abas salvas pelo onetab? nos textos salvos no pocket para ler depois? nas cópias e nos arquivos duplicados das mesmíssimas coisas em diferentes HDs e drives virtuais?
é, talvez eu seja uma acumuladora eletrônica, mas eu aposto que você também se identificou com isso.
uma vez por ano eu decido sentar a bunda no chão da sala ouvindo uma boa playlist e enfrento o amontoado de papeis que inevitavelmente acumulo ao longo do ano, de anotações em post-its a receituários antigos. é a hora em que organizo todos aqueles papeis que não guardei no lugar correto imediatamente quando cheguei em casa e, obviamente, eles foram sugados para o vortex da desarrumação rotineira. eu me prometo, quando termino, que farei diferente no próximo ano, que vou manter tudo organizado assim que as coisas surgem. e no ano seguinte repito o mesmo ritual e a mesma promessa autoflagelada.
mas é difícil fazer isso com nosso lixo eletrônico, não é? essa imaterialidade faz a gente esquecer que existe uma bagunça ali, a não ser que a gente receba um aviso de que a capacidade de armazenamento está quase cheia.
é difícil parar na correria do dia-a-dia pra organizar essas coleções intermináveis de ideias, links, lembretes, receitas, nomes de livros, dicas de filmes e tudo mais que, em algum momento, julgamos que era importante o suficiente para guardarmos para um tempo oportuno.
de certa forma, esses acúmulos tem uma capacidade de nos fazer viajar a outros tempos e espaços, não é? nos transportam para o momento em que capturamos aquilo ou nos fazem pensar de forma retroativa no futuro em que achamos que aquelas informações seriam relevantes.
e tem vezes que a ampulheta escolhe outras formas de contar o tempo. tenho uma caixa de cartas, fotos reveladas e outros mementos que guardo desde os 11 ou 12 anos. toda vez que abro essa caixa me deparo com uma lembrança diferente, uma perspectiva diferente, um sentimento diferente.
me arrependo de ter jogado diários antigos fora. de ter apagado alguns históricos de conversa. de ter esquecido as senhas de algumas contas. de ter apagado meu fotolog antigo. de ter perdido cartas que queria ter guardado ao longo da vida. de ter desencontrado com certas pessoas.
às vezes eu queria ser um pouco menos canceriana e um pouco mais rita lee nesse sentido. perdi tudo, foda-se eu.
queria ser como rita lee, mas eu acho que sou uma acumuladora crônica. vou por aí colecionando lixo eletrônico, lembranças de pessoas que amo (ou que um dia amei), uma pilha de papeis sortidos e, admito, alguns sentimentos também.
tem uma música de gil pra tudo, né? p.s.: aposto que enquanto canceriano ele tem um monte de tralhas e mementos sentimentais guardados em caixas bonitas
essa semana recebi a notícia de que o roteiro do meu longa-metragem até o amanhecer foi o vencedor do concurso narratologia! feliz demais com essa conquista, ainda mais depois de chegar pertinho como semifinalista do guiões 2023! ansiosa pra conseguir tirar esse filme do papel <3
outra notícia boa foi a seleção do projeto de podcast meridianos na chamada do instituto serrapilheira desse ano! eu e marcelo lima estamos adorando o processo de pensar em roteiros pra mais um formato. ano que vem o podcast sai do forno direto pras plataformas de tocadores de vocês, hein?! novidades do processo em breve 🥰
oficialmente finalizamos a nossa campanha de financiamento coletivo para o curta 56 dias! não alcançamos a nossa meta, mas, como falamos desde o início, a campanha era flex e toda e qualquer ajuda seria bem-vinda! agradecemos do fundo dos nossos corações a quem conseguiu colaborar – em breve entramos em contato com vocês e em breve esperamos ter mais notícias de exibição do curta também :)
amo sites com funções completamente aleatórias e supérfluas: esse aqui te diz que horas são com citações de obras literárias.
e esse site que te apresenta músicas que nunca foram tocadas no spotify?
passei um bom tempo debruçada sobre esse site aqui, que mostra a localização e informações sobre 119.617 estrelas da nossa galáxia. clique por sua conta e risco se quiser procrastinar qualquer afazer por uns bons e longos minutos.